Estava em uma fila para entrar em um avião. Na verdade havia duas filas. Ia para Recife em Pernambuco. Era o Voo 320. O avião estava a céu aberto e a gente também. A fila em que eu estava entrava pela porta dianteira do avião. A outra fila que ficava afastada uns vinte metros da nossa, entrava pela porta traseira. O avião estava em um desnível em que permitia que suas portas ficassem ao nível do chão.
Estava nesta fila juntamente com mais seis irmãos meu. Na nossa frente deveria ter umas cinquenta pessoas. O avião tinha três andares. A fila da porta traseira ia para o térreo do avião. A fila em que eu estava ia para o andar do meio e dava acesso para o andar de cima. Nisto chegou uma aeromoça em cada porta e começamos a entrar no avião. Algumas pessoas começaram a furar fila. Então disse para meus irmãos que se muitos furassem fila a gente não ia poder ir porque acabariam os lugares e teríamos que esperar o outro avião.
Mas a gente acabou entrando. Quando acabei de entrar veio um homem correndo me chamando. Quando chegou perto de mim, me solicitou a autorização para embarque, dizendo que a aeromoça havia esquecido de pegar comigo. Disse a ele que nem sabia o que era aquilo. Eu carregava na mão um monte de papel todo desarrumado. Este homem pediu que eu procurasse nos papeis que estavam comigo. Ele disse que era um com uma assinatura que era um grande rabisco.
Fui passando os papeis até que ele viu um e pegou dizendo ser aquele. Havia outros papeis grampeados no que ele pegou. Perguntei a ele se eram todos aqueles e ele disse que sim e foi embora. Entramos nos avião e lá dentro, parecia uma casa muito grande sem os móveis. Nesta parte em que entramos as cadeiras para a gente sentar era sempre seis, uma ao lado da outra e sempre com outras seis na frente. Mas um conjunto destes ficava sempre bem longe do outro.
Estas cadeiras eram de plástico, tipo aquelas que ficam em agências públicas de atendimento ao cidadão, para que estes aguardem sentados. Fomos para um conjunto de cadeiras destas que ficava do lado direito de onde entramos. Outro conjunto igual ficava na nossa lateral distante uns trinta metros mais ou menos. Na nossa frente havia uma janela panorâmica de uns cinco metros por dois.
De frente para o outro conjunto de cadeiras tinha a mesma coisa. Então percebi que e agente estava dentro da asa do avião. A gente até podia subir para o andar de cima, mas preferimos ficar ali. Meus irmãos sentaram nas seis cadeiras de trás. Então tive que sentar na da frente. Perguntei se algum deles queria vir para frente, mas nenhum quis. Então disse que ficaria sozinho sem problemas. Mas chegou uma pessoa e sentou ali também. As cadeiras do outro lado da asa estavam todas desocupadas.
Deixei meus papeis em cima da cadeira e sai dali andando pelo avião. Fui em direção ao outro lado da asa, pois a saída era no meio, que era o corpo do avião. Mas era tudo muito largo, como se fosse uma casa sem paredes. Andando no que seria o corpo do avião e indo em direção a calda, encontrei com a Nathália sentada em uma fileira de cadeiras que tinha ali e ficava de lado em direção a frente do avião.
Na cadeira do lado dela tinha vários lápis de cor. Eram gigantes, de uns cinquenta centímetros mais ou menos e de todas as cores. Perguntei o porquê daqueles lápis e ele disse que era da amiga dela que estava viajando com ela. Voltei para o meu lugar e vi meus irmãos debruçados em um parapeito que tinha atrás das cadeiras onde a gente estava sentado.
Este parapeito era para impedir que alguém caísse no andar de baixo, que tinha uma parte, esta parte, descoberta. Ali havia várias árvores plantadas, estas árvores tinham um metro de altura mais ou menos e eram palmeiras. Elas ficavam um metro mais ou menos distante uma das outras e deveriam ter umas seis palmeiras ali. Meus irmãos olhavam uma que estava tremendo.
Debrucei sobre este parapeito para também ver o que estava acontecendo. Nisto vi uma palmeira que ficava tremendo, como se estivesse sentindo frio. Algumas pessoas lá em baixo estavam olhando esta palmeira e ficavam dizendo "que dó". Então vi que ali também tinha alguns tubos que saiam do chão até uma altura de uns cinquenta centímetros e deveria ter uma polegada de diâmetro. O que eu vi eram uns cinco tubos destes.
A cada cinco segundos mais ou menos, soprava da boca destes tubos, ar com vapor de água. Perguntei para que servia aquilo. O Vitinho então disse que era para a gente respirar. A água era para umidificar o oxigênio que vinha daquelas palmeiras ali. Perguntei então que para a gente respirar dependia das palmeiras plantadas ali. Ele disse que sim e uma delas estava doente, mas a aeromoça já estava lá cuidando dela.
Então perguntei se quando a gente estiver lá em cima e acabar o oxigênio, daria tempo da gente descer para respirar. O Vitinho disse que não sabia. Então fiquei imaginando a cena do avião lá em cima, todas as palmeiras tremendo e faltando oxigênio. Eu querendo respirar e não conseguia.
Então voltamos para nossas cadeiras. Fui ai que lembrei que a Nathália havia me dito que o avião iria atrasar nove horas. Falei para meus irmãos sobre este atraso. Eles perguntaram se a gente ia ficar ali dentro este tempo todo esperando. Disse que não. Eles iam levar a agente para uma fazenda para aguardar o horário de embarque novamente. Mas que seria tudo por conta do dono do avião. Um dos meus irmãos disse que eles não iriam gastar tanto dinheiro com todas aquelas pessoas.
Então fui fazer as contas. Disse que cada passagem custou 1.600,00 reais. Dez passagens seriam 16.000,00 reais. Cem passagens seriam 160.000,00 reais. Perguntei quantas pessoas tinham no avião. O Vitinho disse que deveria ser umas 200 ou mais. Então falei que só ai seriam 320.000,00 reais. O que ele fosse gastar na fazenda não era nada. Ele ainda lucrava muito dinheiro. Sentamos nas cadeiras e ficamos esperando alguém mandar a gente sair dali. Mas ninguém apareceu.
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FAMÍLIA CORTEZ
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