domingo, 3 de fevereiro de 2019

O SEGREDO DO E DIFÍCIL





Havia um edifício em forma de círculo que deveria ter uns trinta andares. Do lado de fora deste edifício e circulando todo ele havia um beiral de uns cinquenta centímetros e em um certo ponto deste beiral havia uma pequena rampa que ligava um beiral de um andar ao andar superior. Só que em cada andar, esta rampa do beiral que ligava um andar a outro ficava em um ponto diferente, fazendo com que fosse preciso ficar andando neste beiral, circulando o edifício, para acessar o andar superior. 


Este beiral era feito de chapa de aço com vários furos circulares de uns dois centímetros, provavelmente para não acumular água e enferrujar.  Não havia nenhum guarda-corpo naquele beiral, nem na rampa, que também era feita do mesmo material do beiral. Assim, cair dele era muito fácil, era só se descuidar um pouco.
Eu trabalhava para uma empresa e o serviço que eu tinha que fazer naquele momento era ajudar uma pessoa a levar uma geladeira até o último andar daquele edifício circular. 


Era uma geladeira cinza que tinha uma corda amarrando ela no meio para a porta não abrir. Só que a gente tinha que levar esta geladeira por este beiral que havia do lado de fora do edifício. A Paula estava com a gente. Começamos a subir esta geladeira já com dificuldade, pois eu não estava conseguindo fazer tanta força. Depois de já estarmos a uma certa altura eu disse para a pessoa que estava comigo que a gente não ia conseguir e paramos segurando a geladeira neste beiral e eu com medo de cair dali junto com a geladeira.
Eu disse que sem ajuda de outra pessoa não ia dar conta. Fiquei pensando em pedir demissão da empresa assim que terminasse aquele serviço, pois meu trabalho era de risco e eu estava com medo de cair daquele beiral que não tinha proteção nenhuma. A pessoa que estava comigo disse que a ajuda estava chegando. Nisto chegou um homem muito gordo e que deveria ter mais de dois metros de altura. Este homem, embora muito gordo, não parecia que o peso o atrapalhasse em nada. 


Ele pegou a geladeira pela corda que estava amarrada nela para a porta não abrir, com uma só mão e começou a carregá-la pelo beiral, sozinho. Ele carregava a geladeira como se ela fosse de papel.
Depois de subir uma boa quantidade de andares, este homem muito gordo parou para descansar, e colocou a geladeira deitada no beiral. 


Como o beiral era muito estreito a geladeira se inclinou e já ia caindo quando eu a segurei pelo pé e comecei a gritar que a geladeira estava caindo. Mas a geladeira foi me levando junto e eu gritando. O tal homem gordo que estava enxugando o suor do rosto, pegou a geladeira pelo outro pé e a puxou para cima. Nesta horal eu decidi que ia pedir demissão mesmo, que não ia ficar correndo risco de jeito nenhum naquele serviço. 
Enfim chegamos no andar que a gente queria. Quando entrei vi que parecia uma casa de fazenda. Havia um fogão a lenha que deveria ter uns dois metros de largura de frente. Em cima deste fogão no lugar onde se coloca a lenha para queimar no fogão, havia muitas espigas de milho. Deveria ter uma cem espigas de milho ali. Havia uma pessoa que já estava naquele apartamento cozinhando naquele fogão a lenha. 


Eu fui até a janela daquele apartamento que ficava no último andar e vi ali algumas casas no mesmo nível que a gente estava. Estas casas ficavam distantes umas das outras e era tudo gramado ali, como se a gente estive no campo e não na cidade. Havia duas crianças brincando de andar em um carrinho de brinquedo. Fiquei curioso e perguntei a Paula como podia ser isso se a gente estava no edifício. 
Ela então disse que aquele último andar era um condomínio fechado e o acesso era por este edifício. Então quis saber de quem era aquela casa, porque este último andar era uma casa e não apartamento. A Paula disse que aquela casa tinha sido nossos pais que tinham ganhado. Ela falou o nome da pessoa que tinha dado aquela casa para meus pais, mas não consigo lembrar o nome. Eu questionei se tinha dado em troca de nada. A Paula disse que tinha sido um presente, então aquela casa era nossa. 
Fiquei debruçado naquela janela, vendo as duas crianças brincando e tentando entender como no último andar eu estava no campo e descendo para o primeiro andar eu estava na cidade. 




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OS IRMÃOS

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