Estava vindo pela Travessa Montese, que liga a Rua do Meio e a Rua do Bar, na rua da casa da minha mãe. Era noite e eu vinha chorando muito. Chegando na esquina da rua da minha mãe, olhei em direção a casa da minha mãe, ver se tinha alguém conhecido. Não vi ninguém conhecido, apenas algumas pessoas. No passeio do canto da linha, vinha uma mulher gorda. Eu não a conhecia. Atravessei a rua chorando e conversando com Deus, dizendo que ele tinha me feito muito feio. Dizia que meu corpo era perfeito, mas meu rosto era muito feio. Dizia que ele não tinha caprichado ao me fazer. Chorando dizia para Deus, que uma pessoa que tivesse nascida com um rosto deformado ou tivesse o rosto queimado, era mais bonito que eu.
Quando passava pelo galpão da mecanizada da ferrovia, deitei no cantinho do passeio, continuando a chorar e reclamando com Deus por ele não ter caprichado ao me fazer. Nisto ouvi meu celular tocar. Deitado e chorando, tirei o celular do bolso. Não consegui ver quem chamava, mas atendi assim mesmo. Era o Gueds. Ele dizia que a gente iria trabalhar na quinta, sexta e na segunda. Que o local era uma “pirambeira” danada, cheia de buracos. Queria perguntar a ele se a gente ia trabalhar na terça, mas ele não parava de reclamar do local aonde a gente iria. Nisto passou o cantor (acho que ele nem canta mais) Ronnie Von. Ele tinha nas mãos um chapéu, daqueles conhecidos como “chapéu de coco”.
Ele dizia alguma coisa. Mas como eu prestava atenção no que o Gueds falava, não entendi o que o Ronnie Von dizia. Então disse para o Ronnie Von que não tinha trocado para dar esmolas. Pensei que ele estivesse pedindo esmolas. Então o Ronnie Von, com cara feia, disse que não estava pedindo esmolas. Estava dizendo apenas que era para eu levantar daquele chão frio, porque poderia me fazer mal. E saiu “esbravejando”. Então eu sentei, segurando o celular com a mãe esquerda, falando com o Gueds, e o braço direito, apoiei em cima do joelho direito, que estava dobrado, ficando com o braço esticado. Quando ficamos nesta posição, o dedo indicador fica esticado para frente.
Nisto chegou uma mulher, ajoelhou em frente ao meu braço, com um cigarro na boca. Ela então encostou o cigarro no meu dedo e acendeu o cigarro. Levantou e foi embora. Então, “desabei” a chorar novamente, dizendo para Deus, que além dele me fazer muito feio, ainda tinha o “dedo isqueiro”.
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