domingo, 2 de junho de 2019

A ENCOMENDA





Estava com uma bandeja nas mãos. Esta bandeja era tipo aquelas de aço inox, bordada nas laterais, era retangular e tinha uma alça em cada extremidade para que a gente possa segurar. Nesta bandeja que eu carregava tinha alguma guloseima, que eu não sabia o que era, pois estava coberta com um guardanapo.

Ia carregando esta bandeja, a pé, pela Avenida Sete de Setembro, para fazer a entrega desta guloseima. Só que eu ia pela Sete Setembro, do centro, no sentido ao Parque de Exposições como se fosse a Rua Paraná. Mas a Sete de Setembro na Realidade, fica do centro no sentido a Rodoviária. Fui subindo a Sete Setembro e já bem distante do centro, percebi que já estava chegando no local da entrega.

Quando cheguei no local da entrega, que parecia ser uma barraca um pouco afastada do passeio, vi três homens conversando e rindo junto ao dono daquela barraca, que era quem iria receber aquela encomenda que eu levava. Este homem era um chaveiro e ele estava fazendo uma chave e de costas para mim. Vendo ele de costas tinha certeza que era o tal homem que tinha feito a encomenda. Então, descacei os braços colocando a bandeja em cima do balcão, esperando o tal homem terminar a chave que fazia. Os três homens ali continuavam falando entre eles e com o chaveiro e riam muito.


Quando o chaveiro terminou e virou na minha direção, vi que não era o homem que tinha feito a encomenda. Peguei a bandeja novamente e, numa barraca ao lado tinham dois homens conversando. Então fui perguntar a eles se sabiam onde era o chaveiro Militão. Este era o nome do chaveiro que eu procurva. Nisto ouvi que eles falavam do chaveiro que eu procurava, dizendo que ele tinha sido professor de um aluno que dava muito trabalho na escola, porque aprontava muito. E falou o nome desse aluno. O nome era o mesmo que o meu.
Então percebi que falavam de mim e que o tal chaveiro Militão não ia gostar de me ver. Então perguntei a estes homens o nome deste aluno, pois estava acreditando ser eu. Eles disseram que o nome era João. Então disse que tinha entendido o nome errado, não era eu não. Então perguntei a eles onde ficava a barraca deste chaveiro pois tinha aquela entrega para ele. Eles me disseram que eu tinha passado direto, ficava a um quarteirão e meio abaixo e do outro lado da rua.
Atravessei a rua ali mesmo e fui descendo a Sete de Setembro. Mas andei uns dois quarteirões e não tinha visto nada. Nisto percebi que tinha saído da Sete de Setembro. Estava em outra rua. Fiquei pensando que só podia ter sido quando atravessei a rua e passei direto, então era só ir pela direita que retornaria à Sete de Setembro. Fiz isso e sai numa rua estreita, calçada com pedras que estava na maioria soltas. Esta rua era bem curta e era bem íngreme. Fui descendo de lado, segurando a bandeja com as duas mãos, temendo cair e perder a encomenda, pois quando pisava nas pedras elas rolavam e quase me deixavam cair. 

No sentido contrário ao que eu ia, vinha uma pessoa com a mesma dificuldade de andar naquelas pedras, porém, ele não trazia nada em suas mãos. Consegui passar por aquele pequena rua e cheguei e uma outra. Então era só eu ir pela direita que chegaria na Sete de Setembro. Ouvi pessoas conversando que vinham no sentido contrário ao que eu queria ir. Imaginei que elas estavam vindo da Sete de Setembro.


Chegando nesta rua vi que era estreita e estava com uma erosão muito forte. Só tinha passagem para um pessoa e assim mesmo de lado, pois o barranco dos dois lados tinha uns cinco metros de altura. Vi que aquelas pessoas vinha espremidas naquele barranco e percebi que não tinha como eu passar ali. Sai então procurando outra rua, sempre indo pela direta. Cheguei em outra rua e vi que não era a Sete de Setembro.

Então comecei a chorar, dizendo que era impossível eu não conseguir encontrar a Sete de Setembro, pois eu nem tinha saído dela e agora nunca mais ia encontrar. Chorando, vi uma rua larga logo depois desta estreita e curta rua onde eu estava. Era a Sete de Setembro. Fui até ela e percebi que tinha voltado quase tudo que eu tinha andando. Fui subindo a Sete de Setembro novamente, desta vez do lado certo, para não correr risco de passar direto.


Subindo a rua, lembrei que eu já tinha estado no apartamento do chaveiro Militão antes, para levar outra encomenda. Lembrei que ele me deixou na porta esperando, porque estava ajeitando alguma coisa. Disse que morava sozinho e então ele tinha que fazer tudo. Lembrei que eu não tinha que ir no estabelecimento dele e sim no apartamento.
Fui levando a encomenda mais aliviado, pois sabia o prédio que ele morava e assim não corria o risco de errar novamente.



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CORTEZ - A MÁQUINA

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