segunda-feira, 25 de novembro de 2019

AS OCULISTAS





Era noite. Estava no Bairro Esplanada quando ele ainda era a Vila Operária da Ferrovia. 

Era uma grande praça e no canto direito dela havia uma construção com três portas. Duas da lado esquerdo de onde eu estava e distante uma da outra uns três metros e a outra em frente. As três portas eram das salas dos oculistas. Eu estava deitado e coberto, porque estava sentindo frio, na frente da primeira porta do lado esquerdo. 



Estava deitado ali guardando um lugar na fila para a Nathalia consultar com o oculista. Não tinha mais ninguém ali. Estava dormindo quando ouvi gritos de briga que pareciam vir de uma rua mais longe. Os gritos continuaram e fiquei com medo de irem para onde eu estava. Nisto o carro da policia parou um pouco distante de onde eu estava.



Então fiquei pensando que se as pessoas que estavam brigando viessem para onde eu estava, eu iria para dentro do carro da polícia, me esconder ali, pois seria o lugar mais seguro. Mas os gritos pararam e a polícia foi embora. Nisto vi várias pessoas vindo em direção onde eu estava, acho que para fazerem consulta com os oculistas também.
Ficaram ali perto de mim conversando, quando a porta onde eu estava deitado em frente, abriu e lá de dentro saíram duas pessoas e a oculista também. Estas pessoas para saírem dali me pularam, porque eu estava deitado na frente da porta. Entre a porta onde eu dormia em frente e a sua porta vizinha, tinha uma pedra de granito que ia de uma porta a outra e tinha uns cinquenta centímetros de largura.



A oculista que saiu da porta de onde eu dormia em frente, varreu esta pedra e disse que era para eu ir dormir lá. Disse que não gostava de morador de rua dormindo na porta dela. Eu não consegui responder para a oculista que eu estava era na fila para ser atendido e não era morador de rua.



Nisto me deu vontade de ir ao banheiro. Estava muito apertado para fazer xixi. Pouco distante dali tinha o banheiro, que na verdade era só quatro muros de uns três metros de altura e uma porta. Não tinha teto nenhum. Deveria ter uns quatro metros por quatro. Entrei neste banheiro e fechei a porta que já estava quase caindo. Nisto a porta abriu e foi entrando duas daquelas pessoas que estava ali.



Fui falando assim que foram entrando que tinha gente ali. Uma dessas pessoa disse que a porta não estava fechada. Então fui tentar fechar a porta novamente, mas como ela estava quase toda solta, o trinco, mesmo fechado, não trancava a porta. Então estas pessoas saíram e eu fui fazer xixi. Não tinha vaso, nem lavatório ou qualquer outra coisa ali. O piso era o chão mesmo e tinha mato por quase todo ele. Fiquei de costas para a porta deste banheiro
A gente fazia xixi era no mato mesmo. Fiquei fazendo xixi e não acabava nunca. Fiquei pensando como tinha tanto xixi dentro de mim. Continuava fazendo xixi quando uma mulher que estava ali dentro e eu não tinha visto, disse que estava indo embora e eu podia continuar. Esta mulher era outra oculista, da sala que ficava em frente. Fiquei pensando como não tinha visto ela ali dentro do banheiro. Mesmo com ela falando eu não parava de fazer xixi.



Depois que terminei, saí dali e vi a Nathalia com um amigo dela sentados em uma cadeira de praia que eles mesmo trouxeram para ficarem aguardando atendimento. Então fui até ela e disse que tinha um remédio para quem fizesse implante dentário, que era só pingar no dente e não sentia nada. A Nathalia e o amigo dela começaram a rir dizendo que ninguém mais fazia implante dentário, aquilo era coisa do passado. Eu dizia que não. E se a pessoa quebrasse o dente, como ela faria.



Deixei a Nathalia ali e fui ver porque estavam demorando tanto para atender a gente. A porta da oculista que pensou que eu era morador de rua já estava aberta e tinha três garotas lá dentro. Essas garotas deveriam ter uns dez anos. Elas estavam deitadas no chão, porque não tinha cadeiras ali e os pacientes aguardavam deitados no chão mesmo.


A porta ao lado desta ainda estava fechada. A porta de frente, da oculista que estava no banheiro, também já estava aberta, mas ela não estava atendendo ainda. Fui até lá e perguntei se ia demorar, porque eu tinha passado a noite ali para marcar lugar. Havia três mulheres lá dentro. A oculista e duas outras, que me disseram que o atendimento não ia demorar. Fui até a Nathalia dizer que ela ia ser atendida daqui a pouco.





DA JANELA DO TREM VOCÊ CONHECE O MUNDO




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