Estava numa estrada de terra, num local que seria um ponto de ônibus. Havia cinco pessoas ali também. Entre elas, meu pai. Nisto chegou dois homens que só tinha corpo da cintura para cima. Eles vinham andando com as mãos. O corpo deles, da cintura até o peito, estavam dentro do que seria uma garrafa de coca cola de dois litros, onde tinha cortado a parte da tampa, deixando o fundo preservado. Quando eles andavam, o fundo da garrafa batia no chão e eles, com as mãos, iam para frente. Fazendo um movimento, que fazem as pessoas que andam de muletas. A gente estava esperando o ônibus para ir para o paraíso. Paraíso deveria ser um bairro. Nisto chegou o ônibus. Ele parou do outro lado do ponto, naquela estrada de terra. O ônibus só tinha o piso e uma lateral direita, assim mesmo, cortada pela metade.
Dentro do que seria o ônibus, havia apenas quatro bancos. Dois na frente e dois atrás. E os da frente, estavam virados para os de trás. O ônibus tinha o tamanho da metade de um ônibus convencional. Entramos naquele ônibus, que só tinha o piso e meu pai sentou num dos bancos de trás. Eu fiquei em pé. Nisto coloquei a mão no bolso de trás e percebi que não tinha trago a carteira. Disse ao meu pai que tinha esquecido a carteira, mas que não tinha problemas, lá eu me virava. Aquela “sucata” que seria o ônibus saiu por aquela estrada. A estrada era sempre reta e não via nenhuma curva. Fiquei perguntando quando chegaríamos ao tal paraíso. Ninguém respondia. Depois de muito andar naquela estrada de terra, sempre em linha reta, o ônibus parou no que seria um ponto.
Os dois homens que tinha só metade do corpo e estavam com parte dele dentro de uma garrafa de coca cola, desceram. Ao descerem, eles pegaram uma garrafinha de água, cada um. Eles jogaram água no corpo deles, na parte da boca da garrafa. A água os fazia saírem de dentro da garrafa. Eles saíram e a cintura deles voltou a ficar do tamanho normal. Depois eles colocavam água na cintura para entrar na garrafa novamente. Ao ver aqueles homens com só meio corpo, foi me dando “nojo”. Então decidi ir a pé até o paraíso. Alguém disse que estava longe ainda. Mas eu decidi ir assim mesmo. E fui indo a pé.
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